Editorial edição 01 | Buddhivṛtti – sua newsletter de autoconhecimento
Escrito por Graziela Spadari
Estamos muito contentes de entregar para você esse trabalho que vem sendo gestado há muito tempo. Era uma vontade antiga essa de escrever e convidar outras pessoas em quem confio, para escreverem também, a respeito desse tal de caminho do autoconhecimento.
São pessoas especialistas em suas áreas, e certamente são pessoas do bem.
Divirta-se, pois nós nos divertimos muito escrevendo.
Iniciar esse projeto com o tema Mulher é muito significativo para mim.
Como eu disse, ele vem sendo gestado por um longo tempo, e o “ventre” que o gestou (no caso, eu mesma) vem evoluindo junto com o tempo e com a idéia, e evoluir com a ideia, nome caso, é mudar de idéia e de direção algumas vezes.
Idealizado com muito carinho, cuidado, respeito pelas tradições e pelo conhecimento que direciona ao autoconhecimento – Buddhivṛtti – sua newsletter de autoconhecimento – enfim nasceu e está agora em suas mãos, ou melhor dizendo, em sua tela.
Quem busca conhecimento, se aproxima do Ser.
É conhecido que uma das formas de libertação (dessa aparente interminável roda do Saṃsāra) é através do uso livre e consciente do intelecto.
Escolhemos esse nome para a nossa newsletter, Buddhivṛtti pois a palavra trata do ‘intelecto que se modifica’.
O termo Buddhivṛtti é composto por duas palavras em sânscrito: ‘Buddhi‘, que significa ‘intelecto’, e ‘vṛtti‘, que se refere, nesse contexto, às flutuações da mente.
O autoconhecimento acontece em várias camadas. É autoconhecimento saber o que me faz bem comer, por exemplo, mas o objetivo maior, enfim, é me perceber distinta desses objetos todos que percebo através dos sentidos, como a comida, as pessoas, o clima e tudo o mais.
Em seu Yoga Sūtras, Patañjali define a mente como uma faculdade que está em constante movimento, criando flutuações de pensamentos, emoções e percepções.
Patañjali ensina que a prática do Yoga busca a cessação dessas flutuações, para alcançar um estado de equilíbrio, paz interior e conexão com o Ser Supremo. Mas cessar a mente, não necessariamente é cessar os pensamentos e o raciocínio. Eles, os pensamentos estarão presentes enquanto vivermos.
Para chegar a esta verdade de quem somos é preciso compreender os objetos do mundo (e incluídos estamos aqui), como o que verdadeiramente são, distintos do Eu real.
O intelecto e os pensamentos tomam a forma dos objetos com os quais se relacionam, gerando muitas vezes apegos e aversões que nos atrelam a eles.
A aproximação e o reconhecimento do Eu real só acontece quando percebemos/realizamos a distinção que há entre Ele (eu real) e as modificações que sofrem o intelecto e os pensamentos ao interagirem com os objetos do mundo e se atrelarem a eles.
Muito embora o Eu real seja imutável, por ignorância e incompreensão da sua realidade, o confundimos com os objetos dos sentidos/mente. Confundimos quem somos com trabalho, pessoas, emoções e por aí vai.
Perceber essas flutuações da mente, esses links de apego e aversão, colocar consciência sobre isso, é conhecido como conhecimento objetivo.
O termo “Buddhivṛtti” também é amplamente utilizado, para se referir à mente condicionada pelos pensamentos e pelas ações passadas, que impedem a pessoa de perceber sua verdadeira natureza divina.
Uma maneira de caminhar no sentido de liberar esses vínculos, é substituir o conhecimento inferior pelo conhecimento objetivo, consciente e superior.
Já somos, desde sempre, a felicidade que tanto buscamos.
Em suma, trocar o que não agrega, por conhecimento que liberta.
Brincava com um amigo esses dias. Esse nome, Buddhivṛtti é também uma ironia e foi escolhido também por isso. Quem compreende que nos livraremos inclusive do conhecimento objetivo, um dia, para tornarmo-nos livres, entende o tamanho da ironia.
Essa é nossa proposta com o informativo.
Evoluir em conjunto com você, nossos pensamentos e intelecto, para que cada vez seja mais límpido o véu que nos separa de compreendermos que já somos, desde sempre, a felicidade que tanto buscamos.
Nos dispomos a fazer isso, usando a tríade que embasa todo o trabalho desenvolvido pelo Instituto Anam Ċara: as artes, as ciências e as espiritualidades.
Hari Om
Graziela Spadari
Instituto Anam Ċara
“
Quando você está inspirado por algum grande objetivo, algum projeto extraordinário, todos os seus pensamentos libertam-se de seus grilhões; Sua mente transcende as limitações, sua consciência expande-se em todas as direções, e você se descobre em um mundo novo, notável, maravilhoso. Forças, faculdades e talentos adormecidos tornam-se vivos e você descobre que é uma pessoa muito mais fantástica do que alguma vez sonhou.
dito por Patañjali
Todos os textos postados neste blog são de inteira responsabilidade dos seus autores.
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