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Caprice Jacewicz

Escrito por Sorana Lima

Olá aventureiros da biologia, vamos para mais um episódio do olhar da biologia sobre os temas com que a revista Buddhivṛtti me desafia bimestralmente.

Estão preparados?

Primeiro quero agradecer a sua presença nesse espaço de troca de saberes e também deixar clara a minha intenção de trazer o olhar biológico, mas em momento algum quer dizer que não exista outros olhares e compreensões sobre o assunto. (Inclusive, indico que leiam os demais artigos dessa edição <3 ).

Vamos lá?

O nosso corpo está organicamente conectado com o mundo externo.

E o que isso quer dizer?

É simples, tudo o que acontece fora do nosso corpo tem uma influência direta na fisiologia do nosso organismo, exemplo:

Quando levamos um susto.

O susto é uma reação a algo que possa nos ferir (não necessariamente de forma física). De forma biológica, é liberada uma dose caprichada de adrenalina no organismo que em consequência possibilita muitas reações no nosso corpo, como:

  • Batimentos cardíacos acelerados: A adrenalina causa grande aumento da pressão arterial, direcionando rapidamente grande parte do sangue para o cérebro e para os músculos, o que faz com que a pele fique fria e pálida.
  • Olhos arregalados: Para possibilitar uma melhor visão, o evento biológico causado pelo susto causa a retração das pálpebras (o que nos faz arregalar os olhos) e dilata as pupilas.
  • Contração involuntária dos músculos: Como o objetivo do corpo é garantir a sobrevivência, ele se prepara para entrar em combate a qualquer momento, contraindo diversos músculos de forma preventiva para auxiliar na luta.
  • Grito involuntário: Como o ser humano é uma espécie que vive sempre em grupos, o grito involuntário durante o susto sugere um pedido de ajuda.
  • Avalanche de sentimentos: Os sentimentos mais comuns que antecedem o medo inicial, são a raiva, a ansiedade ou a vontade de chorar. Porém, para algumas pessoas, o susto causa inicialmente uma sensação de prazer e de dar risada (por isso que algumas pessoas adoram filmes de terror).

Até aqui está tranquilo?

Temos então:

Elaborado por Sorana Lima

Sora, mas o que isso tem a ver com Setembro Amarelo – mês de prevenção ao Suicídio?

Tudo!!! Guardem bem esse esquema que coloquei ilustrando o funcionamento do nosso corpo frente a um estímulo.

Agora vamos aos dados sobre o suicídio, no Brasil.

De acordo com a OMS, o Brasil figura como o oitavo país com o maior número de suicídios (11.821 casos em 2012).

No Brasil, os suicídios passaram de um crescimento modesto na década de 1980 (2,7%) para taxas cada vez mais elevadas, com alta de 18,8% na década de 1990 e 33,3% entre 2000 e 2012; o crescimento total foi de 62,5% para todo o período. Impressiona o fato de a taxa de suicídio aumentar mais do que a de acidentes de trânsito e de homicídios (SIM – Data-SUS).

E o que leva uma pessoa a tomar a decisão de colocar um ponto final em sua trajetória?

O estudo de dois pesquisadores Daolio e Silva, do Estado de São Paulo, demonstrou que as maiores representações sociais sobre o suicídio estão ligadas a ideias de sofrimento, desespero, fuga da dor, falta de apoio e empatia das pessoas próximas, dentre outras. Esses aspectos também foram enfatizados no estudo de Morais e Sousa, pesquisadores do Piauí, que relataram os problemas pessoais, financeiros, depressão, vontade de acabar com o sofrimento, falta de suprimento das necessidades básicas e outros associados, como principais motivos para tentar suicídio. Aspectos semelhantes também foram relatados no estudo de Reisdorfer e colaboradores que teve o sofrimento, tentativa de alívio da dor, angústias e falta de apoio familiar como as causas mais presentes para as tentativas.

(Deixei em realce palavras que remetem a estímulos que trazem sentimentos que levam as pessoas a tentativa ou o própio suicídio).

Vamos aprofundar no campo da fisiologia do nosso corpo.

Os estímulos que recebemos (e nos colocamos) o tempo todo, como os citados acima, são estímulos externos ou internos que são como um “botão de start” na produção excessiva ou de “stop” de alguns hormônios que mediam nosso comportamento.

Vamos conhecer 2 desses químicos que são muito famosos, vem comigo.

1 – Cortisol
Famoso e conhecido por controlar o estado de estresse e ansiedade.

O cortisol é um hormônio glicocorticoide que é sintetizado a partir do colesterol justamente em algumas glândulas localizadas nos nossos rins (suprarrenais ou adrenais).

Graças a ele, temos energia suficiente para nos levantarmos pela manhã, para começarmos as nossas tarefas e atividades diárias, e também reagirmos diante de situações que o nosso cérebro interpreta como perigosas.

O problema com este tipo de hormônio é quando ele é secretado em excesso. Quando acreditamos que apenas os problemas nos cercam, quando a vida se torna muito exigente e tudo parece escapar das nossas mãos, o nosso corpo libera muito cortisol.

O cortisol em excesso no nosso organismo, pode gerar episódios de depressão, pasmem mas é possível. Esse é um clássico caso de mães com depressão pós parto, que durante a gestação tiveram picos de cortisol.

Caprice Jacewicz

2 – Adrenalina
Tem um enorme impacto sobre o nosso comportamento.

Graças a ela, ativamos o nosso instinto de sobrevivência, nos motivamos para sermos melhores a cada dia, a desfrutar dos nossos relacionamentos, a sermos mais produtivos no trabalho ou no esporte. Porém, o excesso de adrenalina no nosso organismo provoca estados de ansiedade. Por outro lado, um déficit nos níveis de adrenalina causa depressão, baixa motivação, desinteresse, apatia, indecisão.

Em resumo, temos uma complexidade fisiológica (física, química e emocional), que é apenas um pedacinho do “iceberg Suicídio”.

Podemos refletir de tudo que foi colocado para você, leitora/leiitor, que o corpo sofre estímulos e os mesmos desencadeiam respostas químicas no organismo, que vão mediar nosso comportamento.

A partir dessa informação, recomenda-se observar os estímulos que têm vivido, ou um amigo, familiar, conhecido.

Ter uma atenção em como está vivendo a vida, a rotina, escolhendo as prioridades, pois tudo isso influencia em como o corpo responde ao meio que vive. “Recalcule a rota” e procure ajuda, caso necessário!

E lembre-se, você é sua prioridade.

Referências

  • Alves da Silva et all(2018). O suicídio no Brasil contemporâneo. Revista Sociedade e Estado – Volume 33, Número 2, Maio/Agosto 2018. https://doi.org/10.1590/s0102-699220183302014
  • BRASIL, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Informações de saúde, Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Disponível em: <http://www.datasus.gov.br>. Acesso em: 08 de setembro 2023.
  • Cecarelli, P. (2005) . O SOFRIMENTO PSÍQUICO NA PERSPECTIVA DA PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL.Psicologia em Estudo, Maringá, v. 10, n. 3, p. 471-477, set./dez. 2005 https://doi.org/10.1590/S1413-73722005000300015
  • Daolio, E. R., & Silva, J. D. (2009). Os significados e os motivos do Suicídio: as representações sociais de pessoas residentes em Bragança Paulista, SP. Centro Universitário São Camilo, 3(1), 68-79. Recuperado de https://www.saocamilo-spbr/pdf/bioethikos/68/68a76.pdf 
  • Esperidião-Antonio, V. et al.(2008). Neurobiologia das Emoções. / Rev. Psiq. Clín 35 (2); 55-65. https://doi.org/10.1590/S0101-60832008000200003
  • Morais, S. R. S. D., & Sousa, G. M. C. D. (2011). Representações sociais do suicídio pela comunidade de dormentes-PE. Psicologia: ciência e profissão, 31(1), 160 – 175. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pcp/v31n1/v31n1a14
  • Reisdorfer, N., de Araujo, G. M., Hildebrandt, L. M., Gewehr, T. R., Nardino, J., & Leite, M. T. (2015). Suicídio na voz de profissionais de enfermagem e estratégias de intervenção diante do comportamento suicida. Revista de Enfermagem da UFSM, 5(2), 295-304. doi: 10.5902/2179769216790    

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