Escrito por Rosangela Yzumi Azuma
Aos sete anos de idade iniciei minha caminhada na Mediação de Conflitos: “Japonesa, vem aqui! Corre! X e Y vão brigar na saída. Você precisa ajudar a separar antes da saída!!!!”
Com essa idade e nesse contexto escolar, eu não tinha uma teoria, uma técnica para seguir, mas meu coração batia sereno e com uma coragem que, absolutamente, não tinha para outras coisas e situações. Eu tinha dentro de mim uma certeza: as duas pessoas deveriam continuar sendo MINHAS AMIGAS.
Felizmente logrei sempre meu intento, conseguia dissuadir os colegas da agressão física e deixar a resolução dos problemas para depois, usando outros métodos, pagamentos, trocas, empréstimos, pedidos de desculpas. Algumas vezes conversei separadamente e nessas conversas sempre havia muita SINCERIDADE e muita LIBERDADE. Então havia lágrimas que logo eram substituídas por sorrisos.
Eu gostava muito de educação física e de jogos, mas não tinha muito sucesso porque a competição não era meu forte, eu já entrava na bola dividida pedindo desculpa – rsrsrs – e não era ironia, eu realmente sentia muito e os colegas sabiam disso. Então minha atitude era COLABORATIVA e isso é importante quando queremos COMUNICAR.
Eu não sabia que essa atividade tinha nome e nem que podia ser uma profissão, Mediadora de Conflitos e Interesses, mas a vida foi me enredando nesse caminho e aqui começo a falar da comunicação:
• escolher o quê quer expressar
• a quem quer expressar
• como quer expressar
• se essa expressão precisa de um retorno
• se deseja interação ou apenas quer informar
• se é necessária ou não
• até que ponto vai piorar ou melhorar uma situação.
Bom, parece muito técnico para o dia-dia, para os relacionamentos da vida; pai, mãe, irmãos, parece que não cabe na informalidade das nossas necessidades emocionais.
Mas quem conhece suas necessidades emocionais em cada relacionamento? Então … nem sempre, né?
E esse desconhecimento será com certeza um fator complicador na comunicação. O Ser Humano tem dificuldade nessa área, confunde suas necessidades emocionais, por isso confunde papeis a desempenhar e basicamente o conflito e a comunicação confusa e hostil estão instaladas.
Eu disse basicamente, existem outros fatores que não dá tempo aqui. Um desafio grandioso: autoconhecer-se, conhecer e reconhecer as emoções que percebe desde tenra idade, compartilhar e buscar entender sobre o assunto.
Por exemplo, quando compreendemos a COMPETIÇÃO ancestral que existe entre as mulheres, identificamos situações e emoções desnecessárias, abrimos mão de várias situações de stress com mães, irmãs, primas, amigas, colegas de trabalho. Bem básico, né?
Já fica mais fácil escolher a mensagem, as palavras, o horário e o local de falar, participar ou não daquele diálogo. Existem situações de competição necessárias e não há como evita-las, há como prestar atenção se as regras estão claramente definidas, isso facilita a comunicação e a administração das emoções. Por exemplo, num simples jogo de tabuleiro, num esporte, num concurso, numa concorrência pública, na pontuação para promoção de cargo, enfim nesses casos as regras devem estar definidas, declaradas, então subentendemos uma lealdade na competição e isso traz “menos” confusão na comunicação.
Mas se eu estou competindo com meus irmãos a preferência do meu pai, então estou numa confusão de emoções, papeis e NECESSIDADES.
Filhos necessitam de proteção, autonomia, provisão e afeição e não de preferência e no caso em que eu necessite de alguma dessas coisas, daí sim poderei expressar do quê sinto falta e será mais fácil COMUNICAR e conseguir o que me falta: um almoço, um jantar, uma conversa, um abraço, um aperto de mão, algo material. Com isso quero dizer que a competição vai comprometer muito a comunicação e a não hostilidade, a não ironia, o não xingamento, a não agressividade, o não ódio, o não abuso, o não sarcasmo, a não manipulação, a não pressão psicológica, a não chantagem, a não violência.
Sabendo que o exercício de AUTOCONHECER-SE é para a vida toda, a quais outros aspectos podemos nos dedicar para melhorar a comunicação?
O FOCO, perdemos rapidamente o foco porque estamos condicionados a julgar as pessoas; fixamos a atenção no caráter do outro. Pronto, passamos a abrir o saquinho de maldades: expor o julgamento do mau caráter de que somos vítimas. É fácil dizer eu sabia … ele é mentiroso … é preguiçoso … é desonesto, picareta … é mesquinho, mão de vaca. Julgar e NÃO JULGAR certamente comprometerá o tipo de comunicação desejada.
Continue lendo o texto aqui
Espero ter colaborado nessa edição e compartilho mais uma dedicação para a vida:
O que é certo e o que é errado? Cada um de nós tem posicionamentos que foram construídos ao longo dos anos e podem ser desconstruídos também.
Quando conversamos com uma pessoa, não estamos conversando com uma máquina, nem com uma coisa, por diferente que ela seja de nós em cor, nacionalidade, gênero, idade, expressões de orientação sexual, ideias, status, finanças, partidos, ela é uma PESSOA; e por ser pessoa ela merece toda a honradez possível de minha parte, toda consideração, todo respeito, todo desejo de felicidade.
Diminuir nosso preconceito em relação às pessoas é outro tema de dedicação para toda vida, assim palavras ácidas, olhares arrogantes, discursos repetitivos sem criatividade serão menos frequentes em nossa comunicação.
Tratar pessoas como objetos, trampolins ou lixo dejetável afirma uma suposta superioridade: “A pessoa é assim ou assada”, “sempre foi assim e sempre será”, “nem vale a pena gastar meu português brilhante”, “Fulano nunca vai passar de um simples auxiliar administrativo”, “doméstica ela é doméstica”, “bandido bom é bandido morto”, “gentalha gentalha”, “meu filho é homossexual, o seu é gay” … enfim a desqualificação como Ser Humano.
A comunicação pode ser violenta ou não violenta conforme a nossa sinceridade, colaboratividade, esforço de autoconhecer-se, não julgar e reconhecer no outro um igual a mim em humanidade. Conforme nosso foco nos temas e não no caráter das pessoas nossa comunicação será mais assertiva e menos emocionalmente sequestrada.
Não esgota o assunto, acredito seja um bom começo, Gratidão! Saúde! Sucesso!
“
Toda violência é a manifestação trágica de uma necessidade não atendida.
Dito por Marshall Rosenberg
Todos os textos postados neste blog são de inteira responsabilidade dos seus autores.
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Olá Cristina
Que bom! A Comunicação e a Não Violência é o tema da minha dedicação ha 29 anos
Fico feliz por seu interesse
Vc me alcança facil em
yzumix@gmai.com
Gratidão! Saúde! Sucesso!